segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Batismo Infantil

A prática de batizar os filhos dos cristãos vem desde os primórdios do cristianismo. Pais da Igreja, como Irineu (século II), se referem ao batismo infantil. Orígines (século IV) foi batizado quando criança. Hoje, milhares de cristãos evangélicos no mundo continuam a prática, embora alguns pais permitam que seus filhos sejam batizados apenas porque faz parte da tradição religiosa na qual nasceram. Para outros, o batismo é um ato pelo qual consagram seus filhos ao Senhor, com votos solenes de educá-los nos caminhos de Deus até, a idade da razão.
Evidentemente nem todos os evangélicos concordam que o batismo infantil seja a única maneira de se fazer isso. Muitos preferem apresentar seus filhos ao Senhor, sem batizá-los, pois acreditam que o batismo é somente para adultos que crêem. Porém, tanto os que batizam seus filhos, quanto os que os apresentam, têm um desejo só, de vê-los crescer nos caminhos do Evangelho, e, quando chegarem à idade própria, publicamente professar sua fé pessoal em Cristo Jesus.
Alguns me perguntam por que apresentei meus quatro filhos para serem batizados, quando cada um ainda não tinha mais que dois meses. Minha resposta é que acredito estar seguindo a tradição bíblica, que remonta ao tempo do Antigo Testamento, e que não foi abolida no Novo, de incluir os filhos dos fiéis na aliança de Deus com o seu povo. Batizei meus filhos crendo que, através desse rito iniciatório, eles passaram a fazer parte da Igreja visível de Cristo aqui na terra. Minha crença sé baseia no fato de que, quando Deus fez um pacto com Abraão, incluiu seus filhos na aliança, e determinou que fossem todos circuncidados (Gn. 17.1-14). A circuncisão, na verdade, era o selo da fé que Abraão tinha (ver Rm 4-3,11 com Gn 15.6), mas, mesmo assim, Deus determinou-lhe que circuncidasse Ismael e, mais tarde, Isaque, antes de completar duas semanas (Gn. 21.4). Abraão creu e o sinal da sua fé foi aplicado à Isaque, mesmo quando este ainda não podia crer como seu pai. Mais tarde, quando Moisés aspergiu com o sangue da aliança as tábuas da Lei dada por Deus, aspergiu também todo o povo presente no monte Sinai, incluindo obviamente as mães e seus filhos de colo (Hb 9.19-20).
Estou persuadido de que a Igreja cristã é a continuação da Igreja do Antigo Testamento. Símbolos e rituais mudaram, mas é a mesma Igreja, o mesmo povo. O Sábado tomou-se em Domingo, a Páscoa, em Ceia, e a circuncisão, em batismo. Os crentes são chamados de "filhos de Abraão" (Gl 3.7,29) e a Igreja de "o Israel de Deus" (Gl 6.16). Não é de se admirar que Paulo chame o batismo de "a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11-11).
Foi uma grande alegria ter meus filhos batizados e vê-los, assim, receber o selo da fé que minha esposa e eu temos no Senhor Jesus. Deus sempre tratou com famílias (Dt 29.9-12), embora nunca em detrimento da responsabilidade individual. Assim, Deus mandou que Noé e sua família entrassem na arca (Gn. 7.1), chamou Abraão e sua família (Gn 12.1-3) e castigou Acã, Coré e suas famílias juntamente. Paulo, ao refletir sobre a história de Israel e ao mencionar a passagem dos israelitas pelo Mar Morto, diz que todo o povo foi batizado com Moisés, na nuvem e no mar inclusive as crianças, é claro, pois havia milhares delas (1 Co 10.1-4). Não é de se admirar, portanto, que Pedro, no dia de Pentecostes, ao chamar os ouvintes ao arrependimento, à fé em Cristo e ao batismo, disse-lhes que a promessa do Espírito Santo era para eles e para seus filhos (At 2.38-39). E não é de admirar que os apóstolos batizavam casas inteiras em suas viagens missionárias: Paulo batizou Lídia e toda sua casa (,At. 16.15), o carcereiro e todos os seus (At 16.3233), a casa de Estéfanas (1 Co 1.16). É verdade que não se mencionam crianças nessas passagens, mas o entendimento mais natural de "casa" e "todos os seus" é que se refira à família do que creu e fica difícil imaginar que, se houvesse crianças, elas teriam sido excluídas. Pois, para Paulo, os filhos dos crentes eram "santos" (1 Co 7.14), ao contrário dos filhos dos incrédulos. Talvez ele estivesse seguindo o que o Senhor Jesus havia dito, que não impedissem as crianças de virem a Ele (Mc 10.13-16).
Compreendo a dificuldade que alguns terão quanto ao batismo infantil, pois não há exemplos claros de crianças sendo batizadas no Novo Testamento. É verdade. Mas é igualmente verdade que não há nenhum exemplo de um filho de crente sendo batizado em idade adulta. Neste caso, talvez seja mais seguro ficar com o ensino do Antigo Testamento., Se os judeus que se converteram a Cristo não podiam batizar seus filhos, era de se esperar que houvesse alguma proibição neste sentido por parte dos apóstolos, já que estavam acostumados a incluir seus filhos em todos os aspectos da religião judaica. Mas não há nenhuma proibição apostólica quanto a isso.
Compreendo também que alguns têm dificuldades com o batismo infantil por causa da prática da Igreja Católica e de algumas denominações evangélicas, que adotam a idéia da regeneração batismal, isto é, que, pelo batismo, a criança tenha seus pecados lavados e seja salva. Pessoalmente não creio que seja este o ensino bíblico. O batismo infantil não salva a criança. Meus filhos terão de exercer fé pessoal em Cristo Jesus. Não serão salvos pela minha fé ou da minha esposa. Eles terão de se converter de seus pecados e crer no Senhor Jesus, para que sejam salvos. O batismo foi apenas o ritual de iniciação pelo qual foram admitidos na comunhão, da Igreja visível. Simboliza a fé dos seus país nas promessas de Deus quanto aos seus filhos (cf. Pv 22.6; At 2.38; At 16.31) e expressa os termos da aliança que nós e nossos filhos temos com o Senhor (Dt ' 6.6,7; Ef 6.4). Se, ao crescer, uma criança que foi batizada resolver desviar-se dos caminhos em que foi criada, é da sua inteira responsabilidade, assim como os que foram batizados em idade adulta, e que se desviam depois.
Certamente que o Novo Testamento fala do batismo como sendo uma expressão de fé e de arrependimento por parte daqueles que se convertem a Cristo - coisas que uma criança em tenra idade não pode fazer. Por outro lado, lembremos que passagens assim não tinham em vista os filhos dos fiéis, mas toda uma primeira geração de adultos que se converteram pela pregação do Evangelho.
Mas, ao fim, tanto os que batizaram seus filhos quanto os que os apresentaram, devem orar com eles e por eles, serem exemplos de vida cristã, levá-los à Igreja, instruí-los nas Escrituras e viver de tal modo que, ao crescer, os filhos desejem servir ao mesmo Deus de seus pais.
 
Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes, Third Millennium Ministries

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Apóstolo... Qual é o Problema?

    Como é de conhecimento de muitos, nos últimos tempos apareceram algumas pessoas trazendo sobre si o título de Apóstolo. Até então, o comum nas igrejas protestantes eram: Bispos, missionários, pastores, presbíteros, diáconos e evangelistas. Algumas já usam profetas e outras obreiros. Mas apóstolo é recente. Tenho visto muitas tentativas de criticar as pessoas que trouxeram de volta de "título" e resolvi pensar um pouco também.
    Sendo assim comecei a fazer uma investigação raza na história. Fui procurar se o termo apóstolo ainda era usado pelos pais da igreja que se seguiram após os 12 apóstolos. Passando pelos apologistas do primeiro século: Aristides de Atenas, Justino e Atenágoras não vi nenhuma referência a apóstolos, se não identificando-os somente com os que estiveram com Jesus e Paulo, o apóstolo fora de tempo. Caminhando um pouco mais, agora nos pais da Igreja, pesquisei Policarpo, a quem acredita-se ter estado com João e Ireneu de Lião. Na sua epístola aos filipenses, Policarpo assume-se presbítero. Em outra parte fala dos "ensinos dos apóstolos" reservando a eles esse título. Já Ireneu é mais enfático ao dizer que foram 12 os apóstolos eleitos. Não abrindo mais nenhuma margem para outro apóstolo. Com isso concluo que na história, é evidente a guarda do termo apóstolo aos discípulos que estiveram com Jesus e Paulo como forma de honrá-los.
     Prossegui com a investigação, agora bíblica. Os primeiros chamados de apóstolos são os discípulos de Jesus (cf. Mc 3.14). Durante todos os evangelhos e os escritos de Lucas (Ev. de Lucas e Atos) o termo é normal somente aos discípulos.
     Algumas pessoas acreditam veementemente que o uso do título apóstolo só pode ser direcionado aos discípulos que estiveram com Cristo e a Paulo. Mas quando olhamos a eleição de Matias (At 1.26), percebemos que não havia nenhuma preocupação em reservar a expressão somente aos que foram chamados por Jesus. A própria igreja primitiva não criou problemas, antes nomeou mais um apóstolo contando-o com os onze. 
     Paulo por sua vez, parece que sofreu retaliação por ser chamado apóstolo e viu-se obrigado a falar sobre suas credenciais apostólicas (2Co 12.12). Não queriam reconhecê-lo, mais ele mostra que suas atitudes são de um verdadeiro apóstolo. E mais, o apóstolo Paulo também não reservou este título somente aos que estiveram com Cristo e a ele, antes comissionou outros como apóstolos. Isso mesmo! Outros apóstolos! Enquanto alguns fecham as portas aos apóstolos, Paulo abriu. Em 2 Co 8.23, a palavra traduzida para "embaixadores" na verdade é apostoloi no original, apóstolo. Em Fp 2.25 a palavra "enviado" é apostolon, apóstolo, neste caso o apóstolo é Epafrodito. Em Gl 1.19 e 2.9, Tiago o irmão de Jesus é contado como coluna junto com os apóstolos, mas ele nunca foi apóstolo chamado por Jesus (cf. Jo 7.5 e Mc 3.13-19)! Fugindo à regra, Lucas chama Barnabé de apóstolo (At 14.14). Parece que Andrônico e Júnia também são considerados apóstolos por Paulo (Rm 16.7).
     Concluo tudo isso dizendo que, o problema dos que se dizem hoje apóstolos, é buscar uma posição maior do que pastor, é questão de poder. Quanto ao título, biblicamente não há nenhum problema em ser usado. Em relação a história, parece ter sido uma questão de honra manter como apóstolo somente os chamados por Jesus e Paulo. se existe problema em se usar o título apóstolo, o problema me parece ético e não teológico. Sendo assim, como diz o "poeta": "ado aado cada um no seu quadrado" rsrs. Metodista não tem apóstolo, mas se alguém é chamado de apóstolo, que no mínimo apresente, como Paulo fez, suas credenciais.