quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre a Obediência Aos Pastores (Sermão 97)


“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros ”. (Hebreus 13.17) De John Wesley em 18/03/1785.

1. Pouquíssimos, não apenas entre os cristãos nominais, mas entre verdadeiros homens religiosos, são aqueles que têm alguma clara concepção desta importante doutrina, que é agora entregue pelo Apóstolo. Muito raramente pensam sobre ela, e dificilmente sabem que existe tal orientação na Bíblia. E a maior parte daqueles que a conhecem, e imaginam que a seguem, não a entendem, mas se inclinam, quer para a direita, quer para a esquerda, de um extremo ao outro. É bem sabido que um grande número de católicos romanos, em geral, apóia esta admoestação. Muitos deles acreditam que uma fé é devida às doutrinas entregues por aqueles que governam sobre eles, e que a obediência inquestionável deve ser prestada a qualquer ordem porventura deles emanadas. E não muito menos têm insistido diversos homens eminentes da Igreja da Inglaterra. Embora seja verdade que a maioria dos protestantes está pronta para cair no extremo oposto, não concedendo nenhuma autoridade aos seus pastores, mas fazendo deles criaturas e servos de suas congregações. E muitos existem em nossa própria Igreja que concordam com eles nisto, supondo que os pastores sejam completamente dependentes do povo, que em seu julgamento, tem o direito de dirigir, assim como de escolher seus ministros.
2. Mas não é possível encontrar um meio termo entre esses dois extremos? Existe alguma necessidade de cairmos em um desses extremos? Se deixarmos as leis humanas de lado, fora da discussão, e simplesmente atentarmos para os oráculos de Deus, poderemos certamente descobrir um meio caminho nesta importante questão. Com este objetivo, vamos cuidadosamente examinar as palavras do Apóstolo acima citadas. Consideraremos:
I. Quem são as pessoas mencionadas no texto como aqueles que “governam sobre” nós?
II. Quem são aqueles a quem o Apóstolo dirige a admoestação de “obedecerem e submeterem-se” aos que “governam sobre” eles?
III. Qual é o significado desta advertência? Em que sentido devem “obedecer e submeter-se”. Então, me esforçarei para fazer uma aplicação adequada do todo.
I
1. Em primeiro lugar, vamos considerar quem são as pessoas mencionadas no texto: “Aqueles que governam sobre vós?” Eu não imagino que as palavras do Apóstolo estejam traduzidas de maneira apropriada, porque esta tradução torna a sentença pouco melhor do que uma tautologia. Se eles “governam sobre vós”, vós sois certamente governados por eles; de modo que de acordo com esta tradução, vós sois apenas ordenados a fazerem o que já estais fazendo, a obedecerdes aqueles aos quais já obedeceis. Mas existe um outro significado da palavra grega que parece muito mais adequado ao contexto da passagem, no sentido de guiar, assim como governar. E, assim, parece que deve ser traduzida desta forma. A admoestação, então, quando aplicada a nossos guias espirituais, é clara e pertinente.
2. Esta interpretação parece ser confirmada pelo verso sétimo, que deixa claro este significado, ao afirmar, “Lembrem-se daqueles governam sobre vós, que vos pregaram a Palavra de Deus”. O Apóstolo aqui mostra, através da última cláusula da sentença, a quem ele se refere na primeira. Aqueles que estavam “sobre eles” eram as mesmas pessoas “que vos pregaram a Palavra de Deus”, ou seja, os seus pastores, aqueles que guiaram e alimentaram esta parte do rebanho de Cristo.
3. Mas, quem deve designar tais guias? E o que supostamente devem fazer, com o objetivo de terem o direito à obediência que aqui está prescrita?
Volumes e mais volumes têm sido escritos sobre esta questão complicada: Por quem esses guias de almas devem ser designados? Eu não pretendo aqui entrar, de forma alguma, na discussão sobre o governo da igreja, nem discutir se é vantajoso ou prejudicial ao interesse da religião verdadeira que a igreja e o estado possam se misturar, como tem sido, desde o tempo de Constantino, em todas as partes do Império Romano, onde o Cristianismo tem sido recebido. Deixando de lado todos esses pontos (que podem ocupar suficientemente o tempo dos homens que não têm o que fazer), pela expressão “daqueles que vos guiam”, quero dizer aqueles que o fazem, se não, mediante vossa escolha, pelo menos, com vosso consentimento, aqueles que prontamente aceitais como vossos guias no caminho para o céu.
4. Mas o que devem eles supostamente fazer, com o objetivo de induzir-vos à obediência aqui prescrita?
Eles devem seguir à frente do rebanho (como é a maneira dos pastores orientais até os dias de hoje), e guiá-los em todos os caminhos da verdade e santidade; devem “nutri-los com as palavras da vida eterna”; alimentá-los com “o puro leite da palavra”, aplicando-a continuamente, “para doutrinar”, ensinando todas as doutrinas essenciais nela contidas; “para reprovar”, advertindo-os, se eles abandonam o caminho, se para a direita ou para a esquerda; “para corrigir”, mostrando-lhes como emendarem o que está errado, e os guiando de volta ao caminho da paz. Para “instruí-los na justiça”, ensinando-os na santidade interior e exterior, “até que todos cheguemos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”.    
5. Eles supostamente devem “velar por vossas almas, como quem deve prestar contas”. “Como quem deve prestar contas!”. Quão inexprimivelmente solenes e terríveis são estas palavras! Possa Deus escrevê-las no coração de cada um desses guias de almas!
“Eles velam” pelo rebanho de Cristo, acordados, enquanto outros dormem; as almas daqueles que Ele comprou com um preço, adquiridas com seu próprio sangue. Eles as têm, em seu coração, dia e noite, sem qualquer consideração por seu próprio sono ou alimento, antes dando preferência ao descanso e alimentação do rebanho. Mesmo enquanto dormem, seus corações estão acordados, cheios de preocupação por seus amados filhos. “Eles vigiam”, com profundo determinação, com seriedade ininterrupta, com incansável cuidado, paciência e diligência, como se estivessem prontos a prestar contas de cada alma em particular a Ele que está à porta – ao Juiz de vivos e mortos.
II
1. Em segundo lugar, vamos considerar quem são aqueles aos quais o Apóstolo adverte que devem obedecer àqueles que os governam. E, com o objetivo de determinar isto com certeza e clareza, nós não deveremos apelar para instituições humanas, mas, simplesmente (como ao responder a questão precedente), apelar para aquela decisão que encontramos nos oráculos de Deus. Na verdade, nós dificilmente temos oportunidade de seguir um passo além do próprio texto. Apenas pode ser apropriado, primeiro, remover do caminho algumas opiniões populares que têm sido tomadas por certas em quase todos os lugares, mas que não podem, de modo algum, serem provadas.
2. Usualmente se supõe, primeiro, que o Apóstolo está aqui admoestando os paroquianos a obedecerem e se submeterem ao ministro de sua paróquia. Mas pode alguém encontrar a menor sombra de prova disto na Escritura Sagrada? Onde está escrito que nós temos o dever sagrado de obedecer a algum ministro, porque nós vivemos naquela área que é considerada como sua paróquia. “Sim”, vós dizeis, “nós temos o dever sagrado de obedecer a todas as ordenanças do homem, por causa do Senhor”. Verdade, em todas as coisas indiferente; mas isto não é assim; está muito longe disto. Está longe de ser uma coisa indiferente para mim, que sou o guia de minha alma. Eu não me atrevo a tomar um lobo por meu pastor; alguém que não tem mais do que as vestes de uma ovelha; que é um praguejador comum, um bêbado declarado, um notório homem que não respeita o dia do Senhor. E tal (quanto maior é a vergonha, maior a pena!) são muitos párocos nos dias de hoje.
3. “Mas não deveis ser membros daquela congregação a qual vossos pais pertenceram?” Eu não entendo que eu seja; eu não conheço Escritura que me obrigue a isto. Eu devo toda a deferência à autoridade de meus pais, e de boa vontade os obedeço em todas as coisas lícitas. Mas não é lícito chamá-los de Rabis, ou seja, acreditar ou obedecer-lhes irrestritamente. Todos devem prestar contas de si mesmo a Deus. Portanto, todo homem deve julgar, por si mesmo, especialmente em um ponto de tão profunda importância como este – a escolha de um guia para sua alma.
4. Mas nós podemos trazer este assunto para um debate resumido, recorrendo às mesmas palavras do texto. Aqueles que têm voluntariamente se ligado a tais pastores, como descritos nessa passagem, que, de fato, “vigiam suas almas, como se delas tivessem que prestar contas”, “nutrindo-os com as palavras da vida eterna”, alimentando-os com “o puro leite da palavra”, e constantemente aplicando-a “para doutrinar, repreender, corrigir, e instruir na justiça”, a todos que encontraram e escolheram tais guias com este caráter, espírito e comportamento, são indubitavelmente admoestados pelo Apóstolo a “obedecerem e submeterem-se” a seus pastores.
III
1. Mas qual é o significado desta orientação? É o que resta a ser considerado. Em que sentido, e com qual amplitude, o Apóstolo os adverte a “obedecerem e se submeterem” aos seus guias espirituais?
Se nós atentarmos para o significado apropriado das duas palavras aqui usadas pelo Apóstolo, nós podemos observar que o primeiro delas peiqesqe, (de peiqw, persuadir) refere-se ao entendimento; a última, upeikete à vontade e ao comportamento exterior. Para começar com o primeiro. Que influência nossos guias espirituais devem ter sobre nosso entendimento! Nós não nos atrevemos a chamar nossos pais espirituais de Rabi, mais do que aos “pais de nossa carne”. Nós não nos atrevemos a conceder inquestionável fidelidade aos primeiros, mais do que aos segundos. Neste sentido, “um só é o nosso Mestre, o que está no céu”. Mas, qualquer que seja a submissão, mesmo de nosso entendimento, em resumo, nós podemos, mais do que isto, nós devemos lhes permitir isto.
2. Para explicar isto um pouco mais, São Tiago usa a palavra que está proximamente associada a estas: “A sabedoria que é do alto é, eupeiqhV, fácil de ser convencida, ou ser persuadida”. Agora, se devemos ter e mostrar esta sabedoria para com todos os homens, nós devemos ter isto, em um maior grau, e demonstrar isto em toda ocasião, para com aqueles que “vigiam nossas almas”. Com respeito a esses, acima de todos os outros homens, nós devemos ser “fáceis de sermos tratados”, facilmente convencidos de alguma verdade, e facilmente persuadidos a alguma coisa que não é pecaminosa.
3. Uma palavra de proximamente a mesma importância que esta, é freqüentemente usada por Paulo, ou seja, epieikhV Em nossa tradução é mais de uma vez vertida como gentileza. Mas, talvez, isto seja mais propriamente traduzida por (se a palavra pode ser permitida), aquiescência, pronto para aquiescer, a desistir de nossa própria vontade, em tudo que não é um ponto de obrigação. Este temperamento afável, todo cristão desfruta, e mostra em seu intercurso com todos os homens. Mas ele mostra isto de uma maneira muito peculiar, em relação àqueles que vigiam suas almas. Os cristãos não estão desejosos apenas de receber alguma instrução deles, de serem convencidos de alguma coisa que não sabia antes, se sujeitar aos seus conselhos, e estando feliz de receberem admoestação, ou reprovação; mas estão prontos a desistirem de sua própria vontade, quando quer que eles possam fazer isto com a consciência limpa. O que quer que eles desejem que façam, o farão, se não for proibido na palavra de Deus. O que quer que eles desejem que eles se refreiem,  assim o farão, se isto não estiver prescrito na palavra de Deus. Isto está inserido naquelas palavras do Apóstolo, “sede submissos para com eles”, sujeitai-vos a eles, desisti de vossa própria vontade. Isto é apropriado, correto, e seu dever sagrado, se eles, de fato, vigiam vossas almas, como se delas tivessem que dar contas. Se assim o fizerdes, “obedecendo e submetendo-vos” a eles, eles darão conta de vós “com alegria, e não com gemidos”, como devem do contrário fazer; porque, embora eles estejam limpos de vosso sangue, ainda assim, “Isto seria sem proveito para vós”; sim, um prelúdio da condenação eterna.
4. Quão aceitável para Deus foi um exemplo de obediência de certa forma similar a este! Tendes um relato amplo e pessoal dele, no capítulo trinta e cinco de Jeremias. “Palavra que do SENHOR veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo: Vai à casa dos recabitas, fala com eles, leva-os à Casa do SENHOR, a uma das câmaras, e dá-lhes vinho a beber. Então, tomei a Jazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, aos irmãos, e a todos os filhos dele, e a toda a casa dos recabitas; e os levei à Casa do SENHOR, à câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes e sobre a de Maaséias, filho de Salum, guarda do vestíbulo; e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos e lhes disse: Bebei vinho. Mas eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos; não edificareis casa, não fareis sementeiras, não plantareis, nem possuireis vinha alguma; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a terra em que viveis peregrinando”. Nós não conhecemos qualquer motivo específico que levou Jonadabe prescrever este encargo à sua posteridade. Mas como não era pecaminoso, eles deram este grande exemplo de gratidão ao seu grande benfeitor. E quão prazeroso foi isto ao Pai de seus espíritos nos é exposto nas palavras que se seguem: “À casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus preceitos, e tudo fizestes segundo vos ordenou, por isso, assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Nunca faltará homem a Jonadabe, filho de Recabe, que esteja na minha presença”.
5. Agora é certo que cristãos devem gratidão e obediência tão completa àqueles que vigiam suas almas, quanto a casa dos Recabitas deveu sempre a Jonadabe, o filho de Recabe. E nós não podemos duvidar, que Deus tanto se agrada com nossa obediência a nossos pastores, quanto se agradou com a obediência dos Recabitas a Jonadabe. Se Deus estava, então, tão satisfeito com a gratidão e obediência deste povo a seus benfeitores temporais, nós não temos todas as razões para acreditar que é satisfatório, assim como prazeroso, com a gratidão e obediência dos cristãos àqueles que derivam bênçãos muito maiores para eles do que as que Jonadabe porventura transmitiu à sua posteridade?
6. Pode ser útil novamente considerar em que circunstâncias se dá o dever dos cristãos em obedecer e submeter-se àqueles que vigiam sobre suas almas? Agora as coisas que eles prescrevem devem ser tanto prescritas por Deus, ou proibidas por Deus, ou indiferentes. Nas coisas proibidas por Deus, ousamos a não lhes obedecer porque “importa antes obedecer a Deus do que os homens”. Nas coisas prescritas por Deus, nós não propriamente obedecemos a eles, mas a nosso Pai comum. No entanto, se nós devemos obedecer a eles, afinal, deve ser nas coisas indiferentes. Em resumo, é dever de todo cristão obedecer a seu pastor espiritual, tanto fazendo ou deixando de fazer qualquer coisa de natureza indiferente, alguma coisa que não é de forma alguma determinada pela palavra de Deus.
7. Mas quão pouco isto é entendido no mundo Protestante! Pelo menos, na Inglaterra e Irlanda! Quem há, entre aqueles que supostamente são bons cristãos, que imagine que há tal obrigação como esta? E, ainda assim, não existe um mandamento mais expresso quer no Antigo quer no Novo Testamento. Nenhuma palavra pode ser mais clara e simples; não existe mandamento mais direto e positivo. Portanto, certamente ninguém que recebeu às Escrituras, como a palavra de Deus, pode viver quebrando habitualmente esta advertência e pleitear inocência. Tal instância da obstinada, ou, pelo menos, negligente desobediência, deve afligir o Espírito Santo de Deus. Isto não pode, a não ser impedir a graça de Deus de ter seu efeito completo sobre o coração. Não é improvável que esta mesma desobediência possa ser uma das causas da morte de muitas almas, uma razão delas não receberem aquelas bênçãos que buscam com algum grau de sinceridade.
8. Resta apenas fazer uma breve aplicação ao que tem agora sido entregue.
Vós que ledes esta passagem, vós a aplicais a vós mesmos? Vós examinais-vos, por meio disto? Vós interrompeis vosso próprio crescimento na graça, não tanto pela desobediência obstinada a este comando, mas muito mais por vossa desatenção a ela, não a considerando com a importância que merece. Se for assim, defraudais a vós mesmos nas muitas bênçãos que deveríeis desfrutar. Ou, sois de uma mente melhor ou de um espírito mais excelente? É vossa resolução firme e vosso esforço constante “obedecer àqueles que têm o governo sobre vós no Senhor”, submeter-vos tão alegremente aos vossos pais espirituais, quanto é aos vossos pais naturais? Vós perguntais: “em que eu deveria submeter-me a eles?” A resposta já foi dada: Não nas coisas prescritas por Deus; não nas coisas proibidas por Ele; mas nas coisas indiferentes, em tudo que não está determinado, de uma maneira ou outra, nos oráculos de Deus. É verdade, que isto não pode ser feito, em algumas circunstâncias, sem um considerável grau de abnegação, quando vos aconselham a refrear alguma coisa que é agradável à carne e sangue. E não pode ser obedecido em outras circunstâncias, sem tomar sua cruz, sem sofrer alguma dor ou inconveniências que não é agradável à carne e sangue. Porque aquela declaração solene de nosso Senhor cabe bem aqui, assim como em milhares de outras ocasiões: “A não ser que alguém que quer vir após mim, a si mesmo se negue, e dia a dia tome a sua cruz, não poderá ser meu discípulo”. Mas isto não irá amedrontar-vos, se resolverdes a não ser apenas quase, mas completamente, cristão, se determinardes lutar bom combate da fé, e agarrar-vos à vida eterna.
9. Eu agora me refiro de uma maneira ainda mais particular a vósque desejais que eu vigie sobre vossas almas. Vós desejais, por questão de consciência, obedecer-me, por causa de meu Mestre? Submeter-vos a mim nas coisas indiferentes? Coisas não determinadas na palavra de Deus, em todas as coisas que não estão prescritas, nem ainda proibidas nas Escrituras? Fáceis de serdes convencidos de alguma verdade, mesmo que contrária a vossas concepções anteriores? E fáceis de serdes persuadidos a fazer ou abster-vos de alguma coisa indiferente ao meu desejo? Vós não podeis deixar de ver que tudo isto está claramente contido nas próprias palavras do texto. E vós não podeis deixar de reconhecer que é altamente razoável se emprego todo meu tempo, todo meu corpo, e todas as minhas forças, de corpo e alma, não em buscar minha própria honra, ou prazer; mas em promover vossa atual e eterna salvação; se eu, de fato, “vigio sobre vossas almas como alguém que deve prestar contas delas'.
10. Vós, então, aceitais o meu conselho (eu pergunto na presença de Deus e de todo o mundo) com respeito ao vestuário? Eu divulguei este conselho há mais de trinta anos atrás e o tenho repetido milhares de vezes, desde então. Eu tenho aconselhado ao povo chamado de metodistas para não estar tão em conformidade com o mundo nisto, para colocar de lado todos os ornamentos desnecessários, para evitar todas as despesas inúteis; para apresentar-se como padrão de modéstia a todos que estão em sua volta. Vós acatareis este conselho? Vós todos, homens e mulheres, jovens e idosos, ricos e pobres, colocareis de lado todos os ornamentos desnecessários que eu pessoalmente contesto? Vós sois exemplarmente simples em vossos vestuários e tão simples quanto os Quacres (assim chamados) ou os Morávios? Se não, se estais ainda vos vestindo como a maioria das pessoas de vosso próprio nível e fortuna, declarais, por meio disto, a todo o mundo, que vós não obedecereis àqueles que estão sobre vós no Senhor. Vós declarais, em provocação declarada a Deus e ao homem, que vós não vos submeteis a eles. Muitos de vós carregais vossos pecados sobre vossas testas, abertamente e na face do sol. Vós endureceis vossos corações, contra a instrução, e contra a convicção. Vós endureceis uns aos outros; especialmente aqueles de vós que fostes, uma vez, convencidos, e têm agora reprimido suas convicções. Vós encorajais uns aos outros a fechar vossos ouvidos contra a verdade, e fechar vossos olhos contra a luz, a fim de que, por acaso, não possais perceber que estais lutando contra Deus e contra vossas próprias almas. Se eu fosse agora chamado para dar um relato de vós, seria “com gemidos, e não com alegria”. E é certo que isto não seria “proveitoso a vós”: A perda cairia sobre as vossas próprias cabeças.
11. Eu falo tudo isto na suposição (embora seja uma suposição que não deva ser feita), de que a Bíblia silencia sobre este assunto; de que as Escrituras não dizem coisa alguma, concernente ao vestuário, e deixaram isto à própria descrição de cada um. Mas, se todos os outros textos foram silenciosos, este é suficiente: “Sede submissos àqueles que estão sobre vós no Senhor”. Eu deixo isto à vossas consciências, às vistas de Deus. Fosse isto apenas em obediência a esta admoestação, não poderíeis estar limpos diante de Deus, a menos que colocásseis de lado todos os ornamentos desnecessários, em expressa rebeldia àquela déspota dos insensatos, a moda. A menos que buscásseis apenas adornar-vos com as boas obras, como homens e mulheres professando santidade.
12. Talvez, direis: “Isto é apenas uma pequena coisa: é uma simples ninharia”. Eu respondo: Se for, sois os mais indesculpáveis diante de Deus e homem. O que! Ireis desobedecer a um mandamento claro de Deus, porque é uma simples ninharia? Deus não permita tal coisa! É uma ninharia pecar contra Deus, desprezar sua autoridade? É isto uma pequena coisa? Mais ainda, lembrai-vos de que não pode existir pecado pequeno, até achardes um Deus pequeno! Neste meio tempo, estejais seguro de uma coisa: quanto mais conscientemente obedecerdes a vossos guias espirituais, mais poderosamente Deus aplicará a palavra que eles falam em seu nome em vosso coração! Quanto mais plenamente, Ele regará o que é falado, com o orvalho de suas bênçãos, e quanto mais provas tiverdes, não será apenas eles que falarão, mas o Espírito de vosso Pai que fala por eles. 

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